29 julho 2011

PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO


















O período composto por coordenação é constituído por orações coordenadas.
Chamamos oração coordenada por não exercer nenhuma função sintática em outra oração, daí ser chamada também oração independente.

Exemplos:

Você trouxe o bolo, mas eu não o comi.
          (verbo)                                (verbo)

O funcionário chegou e começou o serviço.

As orações coordenadas podem ou não conter a presença de conjunções. Dependendo desta condição, as orações coordenadas podem ser classificadas como:

ASSINDÉTICAS

As orações coordenadas assindéticas aquelas que não possuem conjunção.
 Exemplos:
Amanheceu, acordei, admirei os primeiros raios solares.
O computador era potente, tinha velocidade, não possuía proteção.

SINDÉTICAS

As orações coordenadas sindéticas são aquelas que possuem conjunção.
 Exemplos:
Olhei e comprei o presente.
Correu demais, por isso caiu.

  
CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS

As orações coordenadas sindéticas são classificadas de acordo com as conjunções que as unem. Podem ser:
 ADITIVAS
ADVERSATIVAS
ALTERNATIVAS
EXPLICATIVAS
CONCLUSIVAS


ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS ADITIVAS

Expressam ideia de soma, adição. Conjunções: e, nem (e não), mas também, como também.
 Exemplos:
Ele não só conhecia a cidade, mas também os melhores pontos turísticos.
Não só estudava como também ensinava.
Telefonou e comunicou sua decisão ao chefe.

ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS ADVERSATIVAS

Expressam ideia contrária à outra oração. Conjunções: mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto. 
Exemplos:
A população fez várias passeatas, mas não conseguiu bons resultados.
Viajou para Londres, contudo não esquecia Recife.
O problema era facilmente resolvido, entretanto poucos conseguiram resolvê-lo.

ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS ALTERNATIVAS

Expressam ideia de exclusão, alternância. Conjunções: ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer.
 Exemplos:
Ora estudava matemática, ora estudava português.
Procure chegar cedo ou não conseguirá a vaga.

ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS EXPLICATIVAS

Expressa ideia de justificativa, explicação, contida na outra oração coordenada. Conjunções: pois (anteposta ao verbo), porque, que visto que.
 Exemplos:
Recife está intransitável, pois é repleta de buracos em suas ruas.
Não vou sair à noite, porque vou fazer uma prova importante amanhã.

ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS CONCLUSIVAS

Expressa  ideia de conclusão do fato contido na oração anterior. Conjunções: logo, portanto, pois (colocada após o verbo), assim, por isso.
 Exemplos:
Conseguimos bater a meta, portanto podemos comemorar o nosso sucesso.
Acreditamos na igualdade entre os povos; por isso devemos lutar por uma distribuição de renda melhor.


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PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO

23 julho 2011

CABELOS COMPRIDOS






       












    − Coitada da Das Dores, tão boazinha...
  Das Dores é isso, só isso − boazinha. Não possui outra qualidade. É feia, é desengonçada, é inelegante, é magérrima, não tem seios, nem cadeiras, nem nenhuma rotundidade posterior; é pobre de bens e de espírito; é filha daquele Joaquim da Venda, ilhéu de burrice ebúrnea − isto é, dura como o marfim. Moça que não tem  por onde se lhe pegue fica sendo apenas isso − boazinha.
     −Coitada da Das Dores, tão boazinha...
    Só tem uma coisa a mais que as outras − cabelos. A fita da sua trança toca-lhe a barra da saia. Em compensação, suas idéias medem-se por fração de milímetro. Tão curtinhas são. Cabelos compridos, idéias curtas − já o dizia Schopenhauer.
 A natureza pôs-lhe na cabeça um tablóide homeopático de inteligência, um grânulo de memória, uma pitada de raciocínio − e plantou a cabeleira por cima. Essa mesquinhez por dentro. por fora ornou-lhe a asa do nariz com um grão de ervilha, que ela modestamente denominava verruga, arrebitou-lhe as ventas, rasgou-lhe uma boca de dimensões comprometedoras e deu-lhe uns pés... Nossa Senhora, que pés! E tantas outras pirraças lhe fez que ao vê-la todos dizem comiserados:
     − Coitada da Das Dores, tão boazinha...

( Monteiro Lobato)

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21 julho 2011

O Bicho ( Manuel Bandeira )



















Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.


Quando achava alguma coisa

Não examinava, nem cheirava
Engolia com voracidade.


O bicho não era um cão.
Não era um rato.

Não era um gato.

O bicho, meu Deus, era um homem.


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Manuel Bandeira - (  Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho)  nasceu em Recife (PE) em 1886. Em 1917 publicou seu primeiro livro: A Cinza das Horas. O poeta morreu com mais de 80 anos, em 13 de outubro de 1968. A perspectiva da morte foi uma constante em sua poesia.

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19 julho 2011

FONEMAS E LETRAS


FONÉTICA: FONEMAS E LETRAS

Um idioma pode manifestar-se de duas maneiras: falado ou escrito. O processo da fala utiliza determinados sons a que chamamos fonemas. Já o processo escrito serve-se das letras. Assim, a fala é um processo oral-auditivo e a escrita é um processo visual (ou táctil). Não se podem confundir os dois casos!

Fonemas

Tecnicamente, fonemas são sinais sonoros, mínimos, distintivos entre dois vocábulos como se observa na pronúncia de pata, bata e lata, em que ocorrem os fonemas /p/, /b/ e /l/, respectivamente.
De uma forma menos teórica, é possível dizer que um fonema é um som mínimo que se agrega a outros para produzir uma palavra falada.

Letras

As letras são sinais gráficos, portanto não audíveis, que servem para representar os fonemas − sinais audíveis; uma vez que a escrita substitui a fala, embora com algumas desvantagens.

Classificação dos fonemas

1. Vogais: são pronunciados livremente, ou seja, não há interferência de nenhum órgão da cavidade bucal (dentes, língua, lábios). São naturais, da voz, propriamente dita, por isto vocais ou vocálicos.

Exemplos:

/a/ = América; /e/ = elétrica.

2. Consoantes: só podem ser emitidos quando há a interferência de algum elemento da boca (dentes, língua, lábios), ao serem pronunciados, somam-se aos fonemas /a/ ou /e/, por isto ditos consoantes (com + soantes).

Exemplos:
/b/ = beleza; /t/ = Teresa.

3. Semivogais: são fonemas intermediários, nem totalmente livres como os vogais), nem totalmente obstruídos (como os consonantais). Geralmente são o /w/ e o /y/, quando formam sílaba com os fonemas vogais. O fonema semivogal é sempre átono, quer dizer, pronunciado com menos intensidade que o vogal com o qual forma a sílaba.

Exemplos:

cau-te-la = /kaw/; rui-vo = /ruy/.

Nota: Não há letra vogal, essa classificação pertence ao fonema! A letra simplesmente representa um fonema que seja vogal, consoante ou semivogal. A representação universal do fonema utiliza o chamado alfabeto fonético internacional e sempre marca os elementos entre duas barras.

Encontros vocálicos

a) ditongo: Uma sílaba em que ocorre encontro de vogal com semivogal e vice-versa. Por isto o ditongo pode ser crescente (semivogal + vogal) ou decrescente (vogal + semivogal).

Exemplos:

á-gua; he-rói, en-can-tam.

Nota: Nunca se faz referência a “duas vogais na mesma sílaba”. O fonema vogal é o centro de toda sílaba. Os ditongos, assim como os tritongos, são inseparáveis na divisão silábica.

b) tritongo: É a ocorrência em que uma sílaba apresenta um fonema vogal ladeado por dois fonemas semivogais.

Exemplos:

Pa-ra-guai; en-xá-guam.
c) Hiato: Neste caso há duas sílabas contíguas, formadas, logicamente, por vogais.

Exemplos:

Ce-a-rá, co-o-pe-rar.

Dígrafos e dífonos: Existem casos em que se utilizam duas letras para representar um só fonema: são os dígrafos.  

Exemplos:

chuva /x/, an-jo /ã/, queijo /k/. Outros casos há em que ocorre o emprego de uma só letra, para representar dois fonemas. São chamados dífonos.

Exemplos:

tá-xi  /k/ /s/, com-ple-xo  /k/ /s/.

Encontros consonantais Neste caso, a sílaba se forma com o encontro de dois fonemas consoantes.

Exemplos:

pre-ço /p/ /r/, blo-co /b/ /l/.

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CONCEITOS DE FONÉTICA E FONOLOGIA












FONÉTICA E FONOLOGIA
         Fonética é o estudo dos sons da fala. Fonologia é o estudo dos sons que têm a função de diferenciar os diversos significados de cada palavra. A divisão entre fonética e fonologia é apenas didática, porque na verdade as duas disciplinas são dependentes uma da outra: o estudo do som da fala deve ser feito sempre levando-se em consideração a sua função.
         Letra, fonema, fala, língua, sons da fala, aparelho fonador são alguns dos conceitos que precisamos conhecer para estudar fonética. É preciso antes saber a diferença entre língua e fala: língua é um sistema de signos utilizados por uma mesma comunidade, enquanto fala é o uso que cada pessoa faz da língua.        
        A fala, portanto, é a língua transformada em sons que são emitidos por nosso aparelho fonador.

O APARELHO FONADOR     
  O aparelho fonador é constituído pelos pulmões , brônquios e traqueia , que são órgãos que nos fazem respirar; pela laringe , onde estão as cordas vocais, e pelas cavidades supralaríngeas , que funcionam como caixas de ressonância para que o som seja emitido. Essas cavidades são a faringe, a boca e as fossas nasais (os dois condutos do nariz). Em geral, não ficamos atentos ao funcionamento do aparelho fonador, nem é preciso que fiquemos. Mas é interessante saber o que acontece com essa parte do nosso organismo quando falamos. Para isso, basta seguir o caminho percorrido pelo ar expelido dos nossos pulmões, já que ele é o elemento que nos permite emitir sons.
      O ponto de partida do ar nessa viagem são os pulmões. Ele é expelido daí pelos brônquios, entra na traquéia e chega à laringe. Nesse ponto, encontra a glote , uma abertura entre as cordas vocais, que são na verdade duas pregas musculares das paredes superiores da laringe. A glote fica na altura do pomo-de-adão ou gogó.


   Quando o fluxo de ar chega à glote, pode encontrá-la aberta ou fechada. Se estiver fechada, ele não desiste: força a passagem pelas cordas vocais, fazendo-as vibrar e produzindo o som musical característico das articulações sonoras. Se estiver aberta, o ar passa tranqüilamente, sem vibrar as cordas vocais, produzindo as articulações surdas .
    A diferença entre um som sonoro e um somsurdo pode ser percebida na pronúncia de consoantes como b (sonora) e p (surda). Faça o teste, pronunciando as duas em voz alta e prestando atenção ao som que emite.        
    Perceba que o b é mais longo, mais sonoro... e o p é mais curto, mais seco. Bem, mas a viagem do ar ainda não terminou. Ele estava na laringe, onde se defrontou com a glote, seu primeiro obstáculo. Ao sair da laringe, o ar encontra outro obstáculo, dessa vez uma encruzilhada, ou seja, dois caminhos de acesso ao exterior: o canal bucal e o canal nasal . Entre esses dois canais está o véu palatino , um órgão móvel que pode impedir ou permitir a entrada do ar nas fossas nasais.
   Se o véu se levanta, deixa livre apenas o conduto bucal. Se o véu se abaixa, deixa livre ambas as passagens, tanto do nariz quanto da boca. O ar então se divide, e uma parte passa também pelas fossas nasais.
    O que acontece então com os sons que articulamos? No primeiro caso, quando o ar passa apenas pela boca, emitimos sons orais ; no segundo caso, quando uma parte do ar passa pelo nariz, emitimos sons nasais .
   Para perceber a diferença, compare a pronúncia das vogais a (oral) e ã (nasal) em palavras como e ; e mão; chá e chão.


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EU SEI, MAS NÃO DEVIA

 

























EU SEI, MAS NÃO DEVIA

             Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
        A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
        E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
        A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
        A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
        A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
        A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
        A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
        A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
        A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito.
        A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

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Marina Colasanti nasceu na Etiópia, em 1937. Além de poeta, é pintora, jornalista e também escreve livros para crianças. É casada com o poeta Affonso Romano de Sant’Anna e mora no Rio de Janeiro.

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18 julho 2011

FIGURAS DE LINGUAGEM - 3

































  

FIGURAS DE CONSTRUÇÃO OU DE SINTAXE E SONORAS

Essas figuras realizam-se por meio de estratégias relativas à construção da frase, seja por uma desordem ou por omissão de certos termos. Incluem-se nesses casos, também as figuras que, explorando a sintaxe dos fonemas, opera na busca de expressões sonoras. Muitos gramáticos e estilistas as separam como figuras de som.

a) Elipse: É a omissão de um termo previsível, subentendido. Esse termo deixa de ser expresso por ser óbvio, mas também confere elegância à frase.

Exemplo:

Na rua, um malvado; em casa, um santo. Isto quer dizer: Na rua era um malvado; em casa era um santo.

b) Zeugma: Omissão de um termo anteriormente expresso, ainda que em flexão diferente. Exemplo: Eu jogo futebol; ela, basquete. Isto quer dizer: Ela joga basquete.

c) Assíndeto: Omissão da conjunção coordenativa entre elementos de uma oração ou entre orações coordenadas.

Exemplo:

Avental branco, pincenê vermelho, bigodes azuis, ei-lo, grave, aplicando sobre o peito descoberto dumacriancinha um estetoscópio.” (Paulo Mendes Campos)

d) Polissíndeto: Nesse processo o que se repete é a conjunção aditiva “e”.

Exemplo:

 E voava e zumbia, e zumbia, e voava...” Mosca azul, Machado de Assis.

e) Pleonasmo: O mesmo que repetição. Pode-se repetir a ideia já contida num termo, o que se pode chamar de pleonasmo gramatical, ou repetir-se uma função sintática: o pleonasmo sintagmático ou sintático. O pleonasmo gramatical pode ser uma virtude da linguagem, quando empregado com intenção enfática. Caso contrário, é um defeito: pleonasmo vicioso.

Exemplo:

1.  de ideia ou gramatical: A música exige ouvidos de ouvir!
2. sintático: As malas, devo guardá-las no armário.
                    Ao inconveniente, nunca lhe dou atenção.

f) Silepse: É uma espécie de “erro” ou um processo não concorde com o que preceituam as regras gramaticais. É, sem dúvida, uma licença à intelectualidade. Tal “erro” pode contrariar a sintaxe de concordância verbal.

Exemplo:

Os estudantes éramos inquietos. Tem-se, nesse caso, uma silepse de pessoa, já que o sujeito Os estudantes exige o verbo na terceira pessoa do plural. Ocorre que o emissor inclui-se no grupo de estudantes inquietos!

Casos há em que a silepse atinge a concordância numérica, como ocorre em: A multidão corriam pela rua.
Usou-se, aqui, um verbo no plural, procurando uma concordância ideológica, mas não gramatical. Por outro lado, pode haver a silepse de gênero, como se vê em: Vossa Majestade continua bondoso!. Note que o termo Majestade é gramaticalmente feminino e isto obrigaria o adjetivo feminino (bondosa). Todavia, por tratar-se do rei (masculino), fez-se a concordância agramatical, mas ideológica.

g) Hipérbato: O mesmo que inversão. Trata da inversão da ordem direta dos termos constituintes de uma oração. Se a inversão for muito acentuada, chama-se sínquise.

Exemplo de hipérbato:

Água não bebo, nem vinho provo.

Exemplo de sínquise:

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas/De um povo heroico o brado retumbante...”. Nesse caso, a ordem direta seria a que segue: As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico. Ufa! E para entender o Hino de nossa Pátria!

h) Aliteração: Consiste na repetição de fonemas consoantes, a fim de que seja construído um resultado sonoro específico.

Exemplo:

Velho vento vagabundo...” Cruz e Souza.

i) Assonância:

Agora, o que se repete são fonemas vogais.

Exemplo:

Raia sanguínea e fresca a madrugada. (...)” Raimundo Correia.

j) Anacoluto: Figura em que se faz a quebra, a desconcatenação da estrutura da oração ou do período. Um dos termos fica sintaticamente desligado, assim, meio desconexo e sua validade só se efetiva no contexto.

Exemplo:

Ela, já nem ligo para o que ouço!

k) Anáfora: É a repetição de uma palavra no início, em geral, de cada verso de uma estrofe.

Exemplo:
Olho a cidade que amanhece.
Olho o homem que dorme.
Olho a criança que nasce.
Olho a luz que se acende.
Olho, na esperança de esperança.

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FIM DA JORNADA!!