Sobre a Leitura ( Pela
Enésima Vez )
"Não Cansemos de Ler! Jamais
Desistamos de Falar Sobre a Leitura!"
A impressão que tenho, a
cada livro cuja leitura termino, não é a de que me torno mais intelectualizado,
mas sim a de que me torno mais gente. Na verdade não se trata de impressão;
sensação é a palavra exata, visto que, quando se tem impressão a respeito de
algo, entende-se que algo incerto ou provável pode vir a ocorrer ou não. É
assim que se tem a impressão de que vai chover ou de que se conhece alguém com quem
se tenha deparado inadvertidamente. Já quando se tem a sensação referente a
qualquer situação, não se trata mais de uma questão de dúvida nem de
probabilidade. Significa, indubitavelmente, uma certeza, uma comprovação porque
não se pode negar quando se sente algo, e o sentir algo nada mais é do que "a
sensação de". Então, burilando a frase inicial, posso dizer que, a cada
livro cuja leitura termino, tenho a sensação de que me torno mais gente. Sinto
que, de alguma forma, algo que estava contido no livro, agora, faz parte de
mim. Posso evocar algumas partes do que li; posso esquecer tantas outras, porém
tudo o que eu vier a pensar, refletir, divagar, sonhar daí por diante, estará
imbricado a esse fato ( ou ato?) recente: a mais um livro lido.
Quanto ao
sentido da expressão "tornar-se mais gente" quem leu até aqui já
obteve resposta a ela, posto que o único caminho que se pode palmilhar quando o
objetivo é o de "se tornar mais gente" é precisamente o da abstração.
Todo ser humano carece, e deve sentir que carece, de maiores estímulos a seus
pensamentos, a suas reflexões, a suas divagações, a suas descargas oníricas.
Carece de ser ̶ a cada livro lido ̶ mais
gente!
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(Maurício Palmeira)
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