Calculadora Do Tempo
Rio de Janeiro, 02 de Janeiro de 2010. Nesse,
que parecia ser mais um dia como outro qualquer, eu caminhava pela praia,
quando, de repente, avisto um objeto parcialmente enterrado na areia. Parecia
uma calculadora. Era uma calculadora! Peguei o artefato e o levei para casa a
fim de analisá-lo melhor. Ao chegar a minha residência, resolvi algumas
pendências, e só então fui verificar o que tinha achado. Após dias estudando-o,
vi que não era uma calculadora normal mas sim uma calculadora que poderia transportar-me
ao passado. No começo, pensei em não fazer nada que pudesse alterar o curso dos
acontecimentos pretéritos, mas depois resolvi arrumar alguns erros por mim cometidos.
São Paulo, 13 de Dezembro de 1995. O dia em
que recebi a notícia de que tinha reprovado no primeiro ano escolar. Nesta
ocasião, entrei em desespero. Mandei a professora às favas, agredi o coordenador
e tentei o suicídio, no que fracassei, como já se supõe . Agora estava eu, mais
uma vez, frente a frente com a situação, dessa vez peguei o boletim e fui diretamente
para casa. Sem o consequente escândalo seguido pelos dois anos de serviço comunitário
como pena a mim imputada.
Fortaleza, 31 de Dezembro de 2000. Era
virada de ano, dia para esquecer os problemas de um ano inteiro, e pensar no
próximo. Contudo, ninguém gosta de começar um ano com problemas, ainda mais
financeiros. Naquele Réveillon gastei o que tinha e o que não tinha. As bebidas
mais caras, o quarto mais caro do hotel mais caro e as mais caras e encantadoras
mulheres. Tudo isso resultou em um ano de empréstimos no banco. Agora era hora
de reverter isso. Calculadora programada e peguei o quarto mais barato do
hotel, assisti aos fogos e fui dormir.
Rio de Janeiro, 02 de Junho de 2002. Havia
acabado de chegar à Cidade Maravilhosa. Foi aí que conheci uma jovem atraente,
dona de magníficos olhos azuis. Passamos a noite juntos, e dois meses depois
ela me apareceu grávida. Casei com alguém que mal conhecia, tive um filho no
auge dos meus 20 anos, e nem sequer havia
terminado a faculdade. Calculadora programada e mais uma noite que passei na
maior calma e na mais completa solidão.
Rio de Janeiro, 02 de Janeiro de 2010. Nesse
dia, vejo um objeto enterrado na areia, um objeto que resultou no maior erro da
minha vida. Pois com ele poderia voltar ao passado. Porém, o que seríamos sem
as besteiras cometidas, os erros dramáticos e as lições tiradas disso tudo.
Calculadora programada. Caminhava na praia, vejo um objeto enterrado na areia.
Passo reto. Era mais um dia normal e monótono em minha vida, do jeito que
sempre deveria ter sido!
(Gustavo Schil - Aluno do primeiro Ano B, Ensino
Médio do Colégio dos Santos Anjos).
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