Estava eu escrevendo o último artigo para o jornal italiano “Roma Locuta”, com o intuito
de, no fim da tarde, enviá-lo para edição. Lembro-me de que estava sozinho e
que, em algum instante, ouvi um barulho. O relógio marcava dezessete e vinte e
cinco. Conseguia enxergar as horas por minha janela em uma das torres da Basílica
de São João de Latrão. A casa de edição e impressão ficava logo ao lado de meu
escritório. O artigo que escrevia tratava de avanços tecnológicos no ramo da Física, como o Boson de Higgs, e eu deveria entregá-lo às dezessete e quarenta
e cinco. Para concluir meu artigo, sentei-me novamente e dei continuidade ao
meu trabalho. Os sinos da Basílica tocaram em horário impróprio, com certeza
algum insigne da igreja teria morrido. Foi então que, repentinamente, entraram
em minha sala três pessoas com roupas e jalecos brancos, juntamente com três
oficiais de justiça.
-
Signore? Dirigiu-se a mulher que liderava o grupo.
-Sí.
Respondi.
-Siamo
qui perché devi venire con Il nostro gruppo.
Sem
chance de resposta, levaram-me, em um carro convencional, para uma usina de
testes com partículas atômicas, cujo foco de estudos era o controle do tempo. Explicaram-me
que necessitavam de alguém que conhecesse profundamente sobre este assunto. Eu
não sabia por que um professor, físico aposentado, iria somar nesta pesquisa.
-Come si chiama?
- Io mi chiamo Pietro Giovanni.
Soube
que me encontraram mesmo sem saber meu nome, visto que meus companheiros de
faculdade, antes de morrerem, deram a eles o meu endereço.
Iniciavam
no mesmo dia o último teste com o novo aparelho o “Times S3”. Não poderia
acontecer nada de errado desta vez, pois, do contrário, colocaríamos em risco
nossas vidas, como o fizeram meus infelizes amigos. Poderia até mesmo trazer
risco a toda a cidade pois havia a possibilidade de uma explosão nuclear.
Com
uma tarde de estudos, finalmente, terminamos, e , para o teste de controle de
tempo, uma pessoa se dispôs a sofrer as consequências do teste: eu.
Entrei
no compartimento para o primeiro teste, após um ano da tentativa funesta em que
meus amigos morreram. Com equipamento avançado, tivemos a possibilidade de
escolher por quanto tempo e aonde queríamos ir. Decidimos que entraríamos no
período onde Galileu praticava seus experimentos e pelos quais sofrera as
acusações que quase lhe custaram a vida. Tudo
configurado e se deu início ao processo de fragmentação do tempo. Neste
instante uma falha acontece e põe todos em grande risco, porque a tal falha iria
fazer com que o reator explodisse, pois, para voltar tanto no tempo, foi
preciso uma grande fragmentação. Para que eu não viesse a acabar tragicamente, como
em um ano antes, tomo a decisão de retroceder
apenas cinco anos no tempo, uma capacidade de fragmentação possível para o
reator e crucial para salvar nossas vidas.
Assim,
quando este dia tornou a chegar, fiz o
possível para não causarmos nenhuma catástrofe e, finalmente conseguimos retificar
esta proeza. Nossos trabalhos não foram reconhecidos. Ainda dou aulas, e os
pesquisadores nem sequer me conhecem. Apenas eu, inexplicavelmente, consigo
lembrar o fato ocorrido, ou melhor, não ocorrido.
Por um momento recordei desse texto e vim reve-lo, realmente o tempo passou. Abraços professor.
ResponderExcluirGrande Cristiano!
ResponderExcluirAbração!