11 março 2013

SONETO

 Estou sentado sobre a minha mala
No velho bergantim desmantelado...
Quanto tempo meu Deus, malbaratado
Em tanta inútil, misteriosa escala!

Joguei a minha bússola quebrada
Às águas fundas...E afinal sem norte,
Como o velho Simbad de alma cansada
Eu nada mais desejo, nem a morte...

Delícia de ficar deitado ao fundo
Do barco, a vos olhar, velas paradas!
Se em toda a parte é sempre o Fim do Mundo

Pra que partir? Sempre se chega, enfim...
Pra que seguir empós das alvoradas
Se por si mesmas elas vêm a mim?


Mario Quintana - (da obra A Rua Dos Cataventos)

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