29 janeiro 2013

As Mãos Do Meu Pai












As tuas mãos tem grossas veias como cordas  azuis
sobre um fundo de manchas já cor de terra
— como são belas as tuas  mãos —
pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram
na nobre cólera dos  justos…

Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,
essa beleza que se  chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam
nos braços  da tua cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas…

Virá  dessa chama que pouco a pouco, longamente,
vieste alimentando na terrível  solidão do mundo,
como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los 
contra o  vento?
Ah, Como os fizeste arder, fulgir,
com o milagre das tuas  mãos.

E é, ainda, a vida
que transfigura das tuas mãos  nodosas…
essa chama de vida — que transcende a própria vida…
e que os  Anjos, um dia, chamarão de alma…

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                                                  (Mário Quintana)
 
 

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