O vento sussurrou para mim. Baixo o
suficiente para que somente eu pudesse ouvir e claro o bastante para acreditar
que aquilo realmente acontecera.
Eram
palavras aleatórias e contundentes. Pareciam não ter ligação alguma, mas cada
uma delas se repetia a todo instante. Cantavam em meus ouvidos e dançavam em
minha mente.
Depois
de algum tempo, comecei a ouvir frases inteiras, perversas, que me diziam
exatamente o que fazer e me seduziam para obedecer-lhes.
Passou
de uma presença para um terrível incomodo. Tudo se acumulava e transformava-se
em diálogos exaustivos. Tamborilavam entre meus pensamentos e gritavam mais
alto que quaisquer pedidos de socorro. A agonia preenchia minha alma e embotava
meu raciocínio. Várias vozes falavam de uma só vez, discutindo entre si.
Percebi
que havia perdido a batalha angustiante. O controle de meus atos não estava
mais em minhas mãos. Mas bem lá no fundo, meu ser havia se compactado e ainda
soprava alguns versos. Foi quando peguei caneta e papel e, com minhas mãos
trêmulas e suadas, fui lentamente reacendendo o brilho do meu espírito. As
palavras iam de uma em uma, escapando de dentro de mim e se encarregavam de
formar textos envolventes e belos poemas, que sempre arrancavam lágrimas dos
leitores atônitos e boquiabertos.
A
expressão dos meus conflitos internos tornou possível a vitória sobre minhas
angústias. Os sussurros vão e vem, trazem medos e alegrias, tristezas e
decepções, porém sempre trazem grandes lições. E as frases, trazidas pelo
vento, garantem minha lucidez.
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Escritora: Maila Palmeira
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